quarta-feira, 9 de março de 2011

♦ As Mulheres de Gustav Klimt

Gustav Klimt nasceu em uma família pobre em 14 de julho de 1862, em Baumgarten, perto de Viena. Segundo  em uma família de sete filhos, Gustav ingressou na escola na Escola de Artes e Ofícios de Viena quando tinha apenas 14 anos. Alguns anos depois, com ajuda de seu irmão, Ernest, mais um amigo, Franz Matsch, começam a decorar casas famosas, Museus, Palácios, Teatros... 
Em 1886 sua arte começa a ganhar traços diferentes de seus colegas de trabalho e ganhar mais destaque na comunidade de arte. Ainda decorando vários lugares, suas pinturas ganham diversos prêmios, como a Cruz de Ouro de Mérito Artístico das mãos do imperador Francisco José, foi premiado pelo imperador (400 florins) pela obra que representa "A Sala do Antigo Burgtheater, Viena", entre outros.
Após a morte de seu pai, e alguns anos depois de seu irmão Ernest, Klimt acaba sendo eleito presidente do grupo dos secessionistas. Nesse caminho Klimt tem sua primeira exposição da Secessão em 1898. Em 1905 deixa a secessão em busca de novas inspirações.
Mas foi em 1907, quando se uniu a Egon Schiele e Oskar Kokoschka - pintores austríacos - que seus quadros vem a ganhar um novo estilo artístico e assim um maior reconhecimento. Muitos artistas consideram essa época de sua vida o ápice de sua carreira, sintetizada pela obra " Der Kuss". Entre muitas outras estavam "Dánae", "Adão e Eva", "A noiva", "Masturbação feminina". Em sua grande maioria inspirada na imagem de sua amante, Emilie Flöge.




Entre 1915 e 1917 Klimt vive mais duas fases, sendo a primeira - mais sombria e temas mais fechados - influenciado pela morte de sua mãe. Já a segunda encontramos um tema voltado para sensualidade feminina. Algumas obras dessa fase citadas acima. Gustav Klimt morre de apoplexia em 6 de fevereiro de 1917.

Depois desse pequeno resumo - mínimo comparado a verdadeira bibliografia do artista - lhes digo por que Klimt e qual obra mais me impressionou. O fascínio de Klimt por suas mulheres, principalmente por Emilie, sua amante, me traz uma nova leitura da mulher desta época. Ele retrata de forma leve e marcante o lado mais 'leviano' da sociedade de Viena e neste caso não há como não citar as mulheres em suas obras. Klimt teve várias amantes, mas certamente Emilie foi a mais habitual, com retratos e pinturas inspirados nela. Minha escolha provém dessa ligação entre Gustav e Emilie. "Der Kuss" sua obra mais reconhecida no mundo da arte, também conhecida como "O beijo". 



O beijo de Gustav Klimt
Em um primeiro momento o que mais me chama atenção na obra são as cores fortes que o artista usa. Como o amarela/dourado utilizado tanto nas roupas da mulher quanto nas roupas do homem, em contraste com outras cores, tão fortes quanto, como o preto, o vermelho, o roxo. Misturam-se e completam as cores que estão 'aos seus pés', o verde-oliva, as flores rosa-claro, os botões amarelos assim como as tiras de triângulos dourados. Por fim a cor de fundo, mais escuro, uma mistura do dourado com marrom dando mais destaque e atenção a figura central.
Outro aspecto que deve-se destaque sãos formas usadas por Klimt. Além dos traços habituais, para formação do rosto, braços, mãos, pés, folhas e flores, Klimt também explora as formas geométricas nas vestes dos amantes. Cada forma em cores diferentes, sendo retângulos, quadrados, círculos ou em traços mais leves como em espirais. O tapete de flores abaixo também não deixa isso de lado, com formas retangulares e cores exorbitantes, parecendo um enraizado de flores e folhas.
Além das cores e formas, o que mais me chama atenção  são as expressões dos protagonistas da obra. Com os pés retesados e a face virada, a mulher parece relutar e ao mesmo tempo desejar o homem que a beija no rosto. Seu braço o segura pelo pescoço cravando suas unhas em sua pele, para mim um fato que retrata seu desejo e seu medo pelo ato. Sua outra mão segura a mão  de seu amante da mesma forma, mas de jeito mais complacente e carinhoso. Já o homem a trata de forma terna ao segurar seu rosto delicadamente e mesmo assim, devido à postura que ele 'força' a mulher, podemos notar certa submissão da mesma. A obra se fundi e se torna real devido a esse pequenos detalhes, desde os pés curvados ate as pequenas flores no cabelo da mulher e os 'musgos' no cabelo do homem (reflexivo e simbólico). O belo e o mistério da obra estão aí, no paradoxo entre o medo e o desejo.

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