sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

✖ Fim do mundo


21 de Dezembro de 2012. Mais uma data apocalíptica no calendário humano. 


Filmes milionários serão feitos. Piadas sem graças são jogadas em seu facebook. E mais uma centena de matérias clichês e repetidas serão colocadas em seu timeline ou vida. 
Mas revertermos o processo, tiramos a graça e façamos com que essa data seja real. O que você faria se só te restasse um dia? (como diria Paulinho Moska). 

Lendo, finalmente, as últimas páginas do incrível livro de John Green, “A culpa é das estrelas”, cheguei a conclusão que o ser humano é tão efêmero como a necessidade incessante de ser feliz. A busca inalcançável da alegria eterna, jogando com a vida em busca de momentos surreais (ou irreais) de felicidade, idealizados pelos filmes norte-americanos, narrados em comerciais deliberados de sabão em pó, em vídeo clipes apocalípticos em que o verdadeiro sentido da vida está em “dançar-até-o-mundo-acabar”, ou na melhor síntese da visão vendida pela mídia, a felicidade concretizada de um amor inabalável.

Eu não julgo, na maioria das vezes me pego em busca das mesmas coisas, tudo ao estilo cocaína, em carreirinha: filmes de comédia romântica à tarde, clipes dançantes à noite, baladas com amigos na madrugada e no final da noite a sorte de um beijo sem escrachos. E às vezes, eu me sinto feliz, ignorância velada ou momento fugaz, não sei.

O que me pergunto é: se fosse o meu último dia, fim do mundo ou não, se eu tivesse somente um dia, o que eu faria? 


Provavelmente me arrependeria dessa busca. Provavelmente me arrependeria por não ter vivido mais. Provavelmente me arrependeria por julgar minha vida nestes moldes. Provavelmente viver mais signifique apenas viver, sem essa busca pelo futuro seguro e o presente ausente. Provavelmente...

Se me faltasse apenas um dia, seria tarde demais, eu sinto, eu não transaria sem camisinha, nem andava pelada pela rua. Não. Eu diria meus amigos que fora muito estar com eles, diria aos meus pais que os amava tanto e todos os dias, e que pena que não os disse por mais tempo, e ao resto do dia, me sentaria ao lado deles e olharia a todos enquanto meteoros caíssem ao nosso redor, porque não há nada mais a fazer e tudo que eu gostaria de fazer um dia não seria suficiente.

Mas, então, depois de toda essa reflexão lírica, eu também sei que não me resta apenas um dia, me resta e me sobra vida. E aqueles leram “A culpa é das estrelas”, sabem que alguns infinitos são maiores que outros, mas que como o incrível e imprevisível que a vida é, eu não sei quantos números eu tenho no infinito da minha vida, mas que o tempo que me resta é suficiente para fazer o que não posso fazer em um dia.

E a todas as revoltas que vejo pela internet, eu digo: faça algo! Não compartilhe apenas um vídeo e espera que isso movimente o mundo, a tanto a se fazer, tantas ONGs a aderir, tantas caras a se pintar. 


Ao amor que se espera, eu digo: não faça nada! A amor não se encontra, não se perdi, apenas se faz no dia a dia, na vivencia de estar com alguém e descobrir-se apaixonado é algo que não pode ser forçado, apenas acontece. 

A felicidade que se busca, eu falo: viva, realmente viva. Momentos bons e momentos ruins. Vida. Presente.